A quarentena das comunidades é afetada por falta de estrutura e respeito

A  quarentena está causando bastante descontentamento do ponto de vista econômico. Muitas pessoas encaram situações que mesmo em quarentena, não conseguem ficar isolados. Aproximadamente dois milhões de pessoas vivem em favelas na capital paulista e nem sempre é possível ter um espaço ideal para ficar afastado das pessoas.

A dificuldade em cumprir a quarentena está na qualidade e na quantidade do espaço que é pouco. Em geral, os locais mais carentes precisam de tratamento de esgoto, mais espaço e um ambiente melhor para um recolhimento que dure mais tempo.

100 mil moradores da favela de Paraisópolis, a maior favela de São Paulo, tem uma proporção de 45 mil pessoas por cada quilômetro quadrado. Um dos moradores, o jovem Vinicius, 22, cuidador de idosos, teve que ficar em casa depois de uma gripe que lhe causou dor no corpo e falta de ar. No entanto, se manter isolado foi um desafio grande, em sua casa, moram vinte pessoas, a mãe tem 64 anos e o pai 93.

Quando foi procurar por um atendimento médico, Vinicius não conseguiu fazer o teste e foi orientado pelo médico a ficar isolado em casa. Más notícia, não houve teste para todo mundo e não haveria teste para ele por causa da ausência de febre. Depois de alguns dias, o primo que tinha 26 anos passou a ter os mesmos sintomas. Existe um grande receio de transmitir o vírus para outros familiares, principalmente seus pais.

Paraisópolis é grande, porém não possui nenhum leito hospitalar, são três UBS e uma AMA que podem fornecer somente assistência básica. Quando alguém passa por um caso mais grave, o hospital mais próximo é no Campo Limpo, bairro que possui o dobro de habitantes.

Na UBS que atende a área onde mora, o jovem informou que não existe um espaço reservado para suspeitos de coronavírus. O procedimento adotado é colocar máscara nos pacientes e encaminhá-los para o fundo da UBS.

Em outra favela da capital paulista, em Heliópolis, na zona sul, carros passam com alto-falantes alertando as pessoas para ficarem em casa. O serviço foi criado pela contribuição financeira de líderes da região. Apesar dos alertas, más notícias, vários comerciantes insistem em abrir o negócio e colocam em risco a própria vida e de sua família.